quarta-feira, 17 de junho de 2009

O Espírito da Coisa -






Osmar escreveu lindamente sobre o espetáculo "Hilda Hilst - O Espírito da Coisa"; conseguiu traduzir tão bem, em palavras, suas impressões... o que eu não saberia fazer; mas não posso deixar de falar do meu jeito, da emoção que sentí ao aplaudir a peça; texto arquitetado e esculpido por Gaspar Guimarães, como bloco de mármore nas mãos de um artista e a interpretação de Rosely Papadopol, que parece incorporar a própria Hilda , com sua paixão tresloucada, traduzir em gesto e suor a alma da poeta.

Ao sair do teatro, leva-se junto a curiosidade de conhecer mais profundamente a obra desta brilhante escritora e incrível mulher.

Acho que é a mais linda homenagem que se poderia fazer a Hilda. Espero que no outro plano, talvez passeando por uma nave aquí por perto, ela possa estar vendo e apreciando saber que, finalmente, suas crônicas , poesias e livros serão reconhecidos...

Parabéns a ... tudo!

Quem puder, vá conferir!

Está no Teatro do Centro da Terra , até 28 de junho.



Carmo Tavares









segunda-feira, 15 de junho de 2009

Funeral personalizado...


Confesso que fiquei decepcionado com algo que ví neste fim de semana...

Numa de minhas andanças através desta capital que amo, descobrí um lugar especializado em funerais de alto nível, com serviços "vip" que deixariam muitos vivos com boa dose de inveja. Duvidam? Que tal manobrista, recepcionistas, assistência social, buffet, maquiagem, tanatopraxia, som ambiente, café 24 horas, salas de descanso com internet e outras cositas mais, hein!? Tudo num ambiente de conforto e segurança - coisa muito comum hoje nos Estados Unidos...

Mais uma constatação que me leva a crer que o brasileiro adora copiar o estrangeiro e, pior ainda, copiar futilidades. Será que em pleno século XXI as pessoas ainda estão preocupadas com tudo isso? Como se a matéria fosse eterna... Daqui a pouco, de repente, vão criar serviços de mumificação, não é mesmo? O duro vai ser arrumar espaço no planeta prá tantas pirâmides tumulares!

Fui!!!


Osmar

"O Espírito da Coisa" (apresentando Hilda Hilst)











Ontem, assisti a esse maravilhoso monólogo, cuja magnífica interpretação de Rosaly Papadopol nos permite viajar muito rápidamente no tempo de duração; quando menos percebemos, já estamos de pé, aplaudindo e ovacionando essa maravilhosa peça, cujo dramaturgo é meu querido amigo Gaspar Guimarães (cujo potencial dramaturgo me era desconhecido devido ao grau de sua modéstia).


Em aproximadamente setenta minutos, me ví frente a frente com a vida dessa incrível mulher libertária que foi Hilda Hilst (1930-2004), dona de um potencial literário que aborda e escancara as lutas de sua alma feminina numa época em que falso pudor e hipocrisia ainda representavam um casamento mais-que-perfeito numa sociedade falso-moralista e podre - sem pretender afirmar que hoje seja muito diferente, apesar das mudanças comportamentais!


Lá chegando, o espaço (Teatro Centro da Terra) nos permite adentrar um universo sonoro e visual cuja ambientação representa um delicado e refinado "antepasto" ao estupendo prato que nos será oferecido no palco...


Saí de lá com aquela vontade de "quero mais" , tanto que pretendo assistir novamente no próximo fim de semana, vale a pena, de coração! Abaixo, deixo um trecho do monólogo:


"A vida é crua. Faminta como o bico dos corvos. E pode ser tão generosa e mítica: arroio, lágrima, olho d'água, bebida. A vida é líquida."


Deixo aqui um abraço fraternal ao meu amigo Gaspar - que a energia divina lhe permita vencer novos desafios!

Sinceramente, Osmar