sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Mergulho











É uma paixão inteira
corpo, pele, cada poro
gosto, cheiro...
Tudo junto - misturado-

O coração pulsa,
quente, transborda,
enquanto numa mesma comuhão,
desejos, intensões, palavras
se aglutinam.





Colados, unidos de tal forma,


chegam a tocar a essência.
Encontro de Deus-Deusa
a celebrar o amor divino


e também o animal.




Numa cavalgada louca
como estar em pelo
sobre um corcel alado
subindo ao céu para beijar a alma.



Descer novamente à terra,
uma velocidade incrível
mais rápido que a luz ,
com a sensação de vida e morte,
plena em êxtase...



O mundo pára
nada mais há,
se não esse momento
m á g i c o .



Uníssono contínuo
como motoperpépuo,
engrenagem perfeita e absoluta
explode em áis,
expandindo um grito preso
um clarão difuso e cego.

Coisa encantada,
diabólica e santa
como a procura
do fim e o impulso
do começo.



É como o parto,
o nascimento.
Digo é, por já ter sido,
tão forte e certo,
como o brilho de uma estrela
que, embora morta
p e r m a n e c e .
Carmo Tavares

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Sétima arte






Penso num filme denso, singelo,

terno, comovente, tocante...


num filme sem início nem fim,


onde a sequência é justificada pelo impossível;


num filme onde a estrada trilhe


a contradição da coerência,


e a existência permeie sombra e luz,


conduzindo o foco à penumbra da dúvida.


Um filme onde o amor se contradiga


na indecência do sofrimento da alma,


e o mal ocupe um lugar comum


junto do bem - estranho equilíbrio!


Um filme onde a eternidade


seja justificada pelo agora;


que contenha a essência da natureza humana


amparada em sentimentos obscuros.


Penso em você como atriz principal


e coadjuvante da película noir desta vida...











terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

O filho que Ela queria ter...




Domingo, 01 de Fevereiro, praia deliciosa do litoral sul, véspera do Dia de Iemanjá... É, fiquei muito contente pela oportunidade que me foi dada de estar por lá nesse dia abençoado; vela azul na mão, caminho em direção à imagem desse Orixá que tanto amo. E vou me preparando, numa oração silenciosa que mais é um pedir licença à minha mãe de cabeça, Iansã...

"Minha Mãe, a senhora sabe que sou teu filho, que muito te amo, mas também sei do ciúme que tem pela Senhora dos Mares - e sou culpado disso, eu sei! fazer o quê!? Eu sempre pensei que Ela era dona de minha cabeça , que engano o meu!"

Vento forte, muito forte, até parece que vem um vendaval... à medida que me aproximo cada vez mais, um medo infantil toma conta de mim...

"Epa Hei, Oiá,Epa Hei!n Sei que a Senhora está com muito ciúme de mim,mas onde tem ciúme significa que tem muito amor... Então, em nome desse amor por mim, me permita agradecer a energia de minha querida Iemanjá com esta vela, por favor! A Senhora sabe que no fundo, bem no fundinho da verdade, eu sou o filho que Ela gostaria de ter, não é mesmo!? Então, com Vossa licença..."

E não é que o vento vai amenizando e amenizando e amenizando até tornar-se brisa suave, como um dengo carinhoso!? Já bem próximo, faço um cumprimento respeitoso - "Odoiá, querida Senhora, Odoiá!" E percebo que ela dá um aceite muito sutilmente, e me sinto honrado com isso... Acendo a vela e faço uma oração singela e sincera, e lá deixo meu coração.

Na hora de voltar, olho pro mar e caminho até ele; quando estou com a água até a cintura, faço uma saudação com as mãos, um agradecimento à minha mãe Iansã...

"Epa Hei, Oía, minha Mãe, obrigado, viu!? Eu sei muito bem o amor que abunda de Vosso coração... Estou muito feliz e agradecido, viu!? Devo essa prá Senhora!"

Ééé, o amor se faz presente de diferentes formas...