Minha alma é passivel de várias interpretações, desde as metafísicas e espiritualistas até as mais racionalistas possíveis, mas prefiro me limitar a entendê-la e senti-la através de uma relação silenciosa, que extrapola barreirasimpostas pela redoma do conhecimento e que transcende a limitação dos cinco sentidos. Prefiro, assim, sintonizar-me com ela num nível sutil e inconsciente, onde preceitos e conceitos acabam não tendo importância.
Ela é antiga, tão antiga que a cronologia humana não conseguiria datá-la, mesmo que por aproximação. Sua idade perde-se nos tempos em que humanos e deuses(as) se relacionavam tão naturalmente que não havia a necessidade de maiores definições e divisões hierárquicas, pois tudo se encaixava em seu devido lugar e tinha sua razão exata de ser... Ela é conhecedora de antigos mistérios da história humana, que repousam em estado latente em meu inconsciente.
Tingiu-se de negro ao conhecer a Escuridão e por Ela ser seduzido através de Sua energia, seu encanto maldito e seus encantos inomináveis que tateavam a Terra em busca de sua própria sombra. E dentre esse caos, fez-se a Luz, e minha alma também se mesclou a Ela, encontrando uma nova forma de ser e estar mais sutil e transparente, mais assumida frente a sí mesma e menos rebuscada em sua definição, tudo muito repentino e brusco! Lenta e gradativamente, foi assumindo esse dualismo e se permitindo permear essas duas esferas de energia antagônicas e, ao mesmo tempo, osmóticas - LUZ e TREVAS que, nessa interpolação, permitiram acessar o Bem e o Male, como não poderia deixar de ser, as suas legiões de anjos e demônios.
Minha alma não possue nome próprio, porque esse nome estaria acima da compreensão de todo e qualquer alfabeto criado pela razão. Seu sexo é indefinido, destituido de toda e qualquer intenção da própria definição em sí; certamente, já conheceu o fogo de intensas e delirantes paixões, criadas à guisa da loucura libidinosa da carne - masculino ou feminino (o que importa!?), cada porção sexuada teve em seus momentos de lascívia a prova absoluta do calos das paixões...
Ela é melancólica, e essa melancolia justifica sua natureza solitária e o prazer na solidão; consegue criar um estado de euforia interior que lhe permite, ao mesmo tempo, rejubilar-se consigo mesma e gozar um gozo sem igual, macerado, concentrado, passível de gerar uma doença sorrateira e subliminar terrível que, infelizmente, assola grande parte das outras almas, a 'inveja'.
Ao mesmo tempo, minha alma consegue identificar-se com outras que, de forma expontânea, acabam por se manter em consonância com a minha - e é nesse momento único, onde a magia se traduz em atos que, como neste exato momento, acabam edificando um altar que permite justificar uma verdadeira amizade em palavras silenciosas... de minha alma.
Osmar