sexta-feira, 3 de abril de 2009

Fantoche


Ela consegue formar opiniões
e fazer a cabeça das pessoas;
com seu jeitinho de anjo
permite um erro virar acerto;
é endeusada pela mídia,
provoca profundos suspiros,
usa perfumes raros e caros;
viaja o mundo inteiro,
frequenta os melhores lugares;
possue uma coleção de sapatos,
faz o que quer, quando quer e,
o pior, com quem quizer;
pode ter um escravo por dia,
mas...
ela não sorrí francamente;
tem o olhar frio de rapina,
desconfia da própria sombra;
toma pílulas para dormir
e também para ficar acordada;
paga bem caro seu analista
e só anda de carro blindado
sem dispensar os seguranças
vinte e quatro horas por dia;
afinal, ela é uma mulher cara!
Não conhece abraço sincero,
faz questão de esquecer o passado
acordando na solidão do presente;
títere cultuado de um sistema
que sabe forjar suas vítimas,
fazendo delas uma mera antítese
daquilo que gostariam de ser...
gente!

Abraço




Sedutora é a noite

Misteriosa

Com seu belo manto protetor...

Tanto já foi dito sobre ela

E cantado em verso e prosa

Só me resta acrescentar

O que sua magia em mim provoca.



Talvez por ter nascido à meia noite,

Sinistra hora das bruxas,

A verdade é que ,

Coincidência ou não,

É quando desperto.



Injustiçada pelas mentes mais conservadoras,

"Deus ajuda à quem cedo madruga!"

Ainda ouço minha avó repetir.

Transgressora aos olhos deles

E de suas crenças apoiadas na barganha;

Já renegada insisto na pergunta:

Por que depois de certa hora

Acende em mim estranha chama

De um desejo enorme.

Por perceber o mundo em suas minúcias,

Desbravar caminhos

Antes nunca visitados.



Talvez o ar e as estrelas,

e seus silêncios perfumados de saudade .

Ah! O silêncio, quem dera!

Acho que estou ficando velha.

Nesta nervosa cidade,

Meia noite é meio dia,

Baladas buzinas

Esquinas lotadas

Latinhas de cerveja na mão

Fervilhar de gente...



Não, não é esta noite que me inspira,

Mas o sossego de poder casar com ela

E junto carregar o brilho da lua

Consagrando a quietude do relento

Ao abraçar uma antiga árvore amiga.


Carmo Tavares

segunda-feira, 30 de março de 2009

Palavra (en)cantada...


Juro que fiquei muito curioso com esse documentário sobre a música popular brasileira e, também, muito frustrado com o seu conteúdo. Lógico que Chico Buarque foi o salvador da pátria - grande Chico! Ahhh, Maria Bethânia deu um banho de luz numa declamação maravilhosa; concederam uma pontinha prá Gil; Martinho da Vila deu seu recado muito bem com uma pequena história do samba; nosso grande Lenine (grandíssimo!!!) abriu-se num leque maravilhoso de som, voz e humildade; focaram um tantinho sobre a Bossa Nova; abriram um lequezinho para os repentistas nordestinos, mas... e o resto!? Adriana Calcanhoto deu inicio à película e, também, terminou-a, oferecendo-nos alguns pareceres que, diga-se de passagem, perderam-se em conteúdo e alma prá contagiar os espectadores. Não que eu tenha algo contra ela, ao contrário, mas com o montão de dinossauros que ainda estão por aí, "vivinhos da silva", o filme bem que merecia uma troupe mais adequada, laureada pela sua própria história e pelo peso da responsabilidade para com uma proposta assim... Aliás, um trabalho que exigiria no mínimo de três horas a quatro horas de 'time', mas, cá prá nós, acho que aconteceu de novo (e isso não é novidade alguma!): a verba deve ter acabado, fazer o quê!!! Então não fizessem desse jeito, porra, esperassem um pouco mais, saíssem por aí à cata de mais 'pataco' e de mais patrocinadoresl! Então, acaba acontecendo isso, e aí vem um 'people' dizer que filme brasileiro é uma merda e coisa e tal, o que é uma grande mentira - diga-se de passagem, temos de louvar a grande safra que nos vem chegando de bons anos prá cá! Mas, poxa, façam a coisa certa, pois o que assistí foi algo que deixou muito a desejar no que se refere a uma proposta cinematográfica para com a música brasileira num todo, vista de cima, livre e solta, sem engajamentos e sectarismos...
Nada tenho contra o Rap, mas o que ficou patente é que o filme pareceu pretender fazer a cabeça das pessoas em demonstrar que esse gênero musical tem força, coerência, conteúdo e coisa e tal, como se pretendessem justificá-lo a qualquer custo, dedicando um tempo enorme (até demais) falando sobre o movimento e entrevistando rapeiros conhecidos, só isso!
Desculpem-me pela sinceridade, mas amo a música popular brasileira, e escrevo movido pela brasilidade que há em mim. Fui!!!