Em primeiro lugar, a equipe que idealizou e projetou os ônibus que estão circulando em minha querida São Paulo não anda de ônibus - isso eu tenho certeza absoluta!
A aventura começa logo após a passagem pela roleta do cobrador, onde está a porta de saída... Quem vai descer logo, tem de se virar nesse espaço onde o segurar-se exige uma prova de aptidão e altura, pois quase não se tem onde segurar! Os que não descem logo, vão passando por essa turba jogada ao Deus dará, para irem se aglutinando lá no fundo. Detalhe: essa porta de saída deveria estar lá no fundão, e até agora não consigo entender a fonte inspiradora dessa obra verdadeiramente arrojada!
A coisa não pára por aí, não! Existem os tais ônibus cujos pisos possuem rebaixamento feito em degraus, ou seja, a gente adentra o veículo e, de repente, tem de descer dois degraus até chegar à catraca - o pior de tudo é que isso normalmente acontece com o veículo arrancando ou já em movimento, o que nos induz a movimentos de coordenação e equilíbrio interessantes para conseguir essa proeza. Tenho certeza que as pessoas mais jovens e/ou que gozam de boa saúde física acabam se dando bem nessa prova, mas duvido que o mesmo aconteça com quem já tem uma idade relativamente avançada ou, então, problemas relativos a limitação de movimentos e outros mais como, por exemplo, EU, que apesar do tamanho e da aparência saudável, tenho muitas limitações decorrentes de L.E.R/D.O.R.T. - vocês não imaginam como é gostoso fazer uma viagem de pé daqui de onde moro, na Chácara Santo Antônio até, por exemplo, a Praça da Sé num veículo com um movimento desses que vai desde arranques frenéticos até freadas bruscas. As pessoas que se danem, pois o jeito é segurar-se do jeito que der...
Dentro dessa maratona incrível que representa a utilização do transporte público - cada vez mais deplorável, infelizmente - adicione-se, também, o mau humor e a má vontade de alguns motoristas que usam e abusam de um poder que nunca lhes foi conferido, um poder subliminar que lhes permite andar por aí e dirigir um veículo que transporta pessoas, seres humanos, do jeito que bem quizerem, arrancando em velocidade, trocando marchas em movimentos rápidos e quebrados e brecando abruptamente em lombadas e buracos já conhecidos de seus trajetos... para quê isso!?
É imprescindível comentar sobre a velocidade com que alguns desses motoristas dirigem, algo simplesmente patético e, ao mesmo tempo, revoltante, pois acaba-se constatando o grau de indiferença e irresponsabilidade para com a sua própria segurança e, o mais importante, com a segurança de todos os usuários.
Os técnicos responsáveis sabem muito bem o perigo que representa a frenagem de um desses veículos em alta velocidade e o espaço que necessitam para que isso aconteça a contento e com segurança.
Acredito piamente que instituir a velocidade máxima de 70 km/hora para esses condutores de massa, seria mais do que lógico e coerente - seria dar mais dignidade a todo um processo que cada vez mais confronta e afronta preceitos humanitaristas.
Lanço aqui um desafio às autoridades competentes para que desçam de seus veneráveis altares e utilizem esses veículos públicos, principalmente em horários mais "nobres", disfarçados de pessoas comuns, para sentirem na própria pele as emoções de uma dessas aventuras...
E aproveito para deixar registrada aqui a pedra fundamental para uma campanha popular de peso endereçada aos representantes do povo: que todos eles reflitam com muita atenção e muito carinho nas palavras que acabei de escrever; imaginem que suas famílias, seus entes queridos e amigos estão por aí, perdidos em meio a uma população que necessita e se submete cada vez mais a tudo isso, e reflitam se é muito dificil criar e sancionar uma lei que tenha competência para, não só proibir veementemente os excessos de velocidade nos veículos públicos como, também, criar mecanismos mecânicos que frustrem as tentativas dos choferes de aumentar a velocidade máxima permitida. Isso é possível, sim, basta apenas a real intenção de querer levar tal projeto adiante.
E por falar em projeto, é bom lembrar que não demora muito para termos novas eleições, não é verdade? Por que os políticos não aproveitam esse gancho para fazerem disso uma meta, tornando-a concreta e possível, dispensando, assim, maior respeito pelo cidadão? Ao menos será muito mais coerente e construtivo do que, por exemplo, preencherem seu tempo tentando criar ou mudar nomes de ruas! E, lógicamente, o povo tem de participar ativamente, pois disso refletirá seu bem estar.
Agradeço a atenção e a colaboração do "SPUrgente", e espero que este pequeno "movimento" sirva para lançar boas sementes com o consequente desabrochar de algo maior e melhor em termos de mudanças sociais positivas, obrigado.
Esta postagem foi gentilmente publicada no blog www.saopaulourgente.blogspot.com.br
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