quinta-feira, 9 de julho de 2009

Bom X Bonzinho (quem vence???)


Desde que me conheço, não carrego o sentimento do 'ódio' - na minha opinião, o pior sentimento que existe. Pela lógica, também não alimento a vingança em meu coração... E sei que tenho uma gama enorme de defeitos que se contrapõe a inúmeras qualidades, ainda bem - isto é o planeta Terra!

De dezessete anos para cá, alimentei uma esperança de resgate com uma pessoa vizinha, depois de um problema ocorrido nos idos de 1992... quanto tempo! Infelizmente, foi uma esperança vã, pois percebia, frustrado, as vezes em que meu olhar tentava encontrar o dela para um simples cumprimento, numa tentativa de colocar um ponto final naquele acontecimento, uma reconciliação - e não quero com isso dizer que me sentía em débito para com minha consciência, não! O que ocorreu - sem adentrar detalhes - não me deixou pesaroso , com meu Ser, com minha índole, em hipótese alguma; apenas detesto continuar uma situação densa, que não leva a nada, tento dar um jeito para que as coisas voltem à normalidade na medida do possível...

E olhe que foram inúmeras vezes que meus sentidos receberam a indiferença por parte dessa pessoa, inúmeras, até que definitivamente a coloquei no freezer de minhas relações pessoais. O mais interessante, é que práticamente todas as pessoas de sua família continuaram a me cumprimentar, e isso sempre me deixou contente, pois acabava pensando que "isso nada mais é do que um reflexo positivo de ambos os lados..."

Mas uma coisa sempre me intrigou: seu marido - que quando sozinho sempre me dirigiu um olhar ou alguma frase do tipo "olá, Osmar, tudo bem!? - nunca teve a ousadia de cumprimentar-me quando perto da esposa. No começo, eu achava hilário, mas acabava relevando, dizendo comigo mesmo "certamente, ela não permite que ele me dê um 'oi', mas tudo bem, deixa prá lá..."

Deixa prá lá o cacete!!! Hoje, e tão somente hoje, caiu-me a ficha dessa situação estúpida da qual sou conivente há anos! Percebí-me um autêntico imbecil olhando para o rosto dele e percebendo que ele fazia uma força que não era sua para evitar olhar-me nos olhos e... Ahhhhh, quer saber de uma coisa!? Fui eu quem desviou os olhos para outro lugar, prometendo-me, ao mesmo tempo, numa fração de segundos, que não queria mais continuar com esse teatro ridículo... Agora sou eu quem não quero mais, chega! Acho que fui aquiescente em demasia, e essa aquiescência transbordou para o território do "ser bonzinho", ou seja, do ser trouxa! E faço questão em frizar que ser bom (sei que sou, modéstia à parte!) é uma coisa, uma qualidade inerente a muitas pessoas, mas, ser bonzinho, aí, sim, é extrapolar o território da bondade e se esborrachar na poça da covardia... e na minha idade, sinceramente, não tenho mais tempo para ser esse tal bonzinho, não! Procuro autenticidade e transparência no dia-a-dia, só isso, e não estou mais preocupado com o que fulano ou beltrana estão pensando sobre meu comportamento... Os medíocres que se danem - prá não falar de outro jeito - e os semelhantes que se unam!

Mesmo obedecendo determinados principios que carrego desde que me conheço por gente, é muito bom sentir a sensação da leveza de espírito, em conformidade com o próximo... Cidadania? Têmpera de caráter? Não sei exatamente o quê, mas tenho certeza que nada tem a ver com "ser bonzinho"...aff!!!

Muito bom deitar a cabeça no travesseiro e sentir-me de bem comigo, com minha consciência, muito bom mesmo! Fui...


Osmar