segunda-feira, 10 de outubro de 2011

"N" ou "F"?



Legal, com saúde não se brinca mesmo, só que sempre fui relaxado comigo, sempre, como se quisesse provar para mim mesmo uma pretensa e falsa imortalidade - só que de anos para cá, venho caindo na real, como se minha alma pretendesse mostrar exatamente o contrário ao meu corpo!

Ir a um médico, para mim, é uma espécie de tormento, pois acredito numa lei que me diz (e garante) que quem procura, acha! E como pertenço ao seleto clube dos humanos, também não me considero perfeito. Por este e por outros motivos, quando o "bicho pega" procuro por um profissional juramentado - e não precisa estar de branco, não, pois não sou preconceituoso!

Este preâmbulo serve apenas para provar a mim mesmo que a medida do ser humano é o próprio erro - de onde se depreende que é errando que se aprende, certo? E a vida tem me provado que é prudente confrontar diagnósticos clínicos, sempre!

No dia 23 de agosto sofri um traumatismo numa estação de Metro (história longa que carece ser abreviada) e isso me custou um ferimento profundo na parte frontal mediana da perna esquerda que, à principio, pensei poder tratar com cuidados domésticos, até chegar à conclusão de que estava infeccionado e me causando fortes dores na região.

É lógico que fui ao médico. Receitou-me tomar um antibiótico durante dez dias, sendo que nesse período eu deveria procurar lavar o ferimento com água e sabão e deixar sem curativo o maior tempo possível.

Realizei o tratamento com responsabilidade, muito embora a ferida não tivesse cicatrizado ainda, mas pensava que fosse uma questão de tempo... Tempo de procurar outro médico, porque a vermelhidão e o pus voltaram a marcar seu território, como que sentindo saudades de minha perna.

O profissional chegou a me deixar assustado, dizendo que isso poderia transformar-se numa erisipela, e eu poderia, com isso, ganhar um pesadelo para o resto de minha vida - vade retro! E voltei a tomar antibiótico, outro tipo mais forte e com um leque de indicações mais amplo, aconselhando-me a fazer compressas de água e sal para amolecer a casca do ferimento e permitir uma cicatrização melhor de dentro para fora.

Logo na primeira noite, fiz essa aplicação de algodão com água e sal durante um tempo que foi suficiente para sentir a tal casca amolecer e sair... Só que no lugar, ficou um buraco enorme, com um aspecto nada bom. Isso, aliado à forte dor que iniciou, fez com que eu me preocupasse em fazer um curativo, não deixando a ferida exposta durante a noite de sono até ir novamente ao pronto socorro para buscar uma opinião sobre como e o que usar no curativo. Utilizei uma pomada que estava em meu estojo de primeiros socorros, a conhecida "N" e, no dia seguinte, fui à procura da opinião de outro médico que, de forma tácita, me repreendeu por ter feito a compressa com água e sal e, também, por ter passado a pomada, tecendo uma série de argumentos técnicos e, ao mesmo tempo negativos sobre isso, convencendo-me a somente lavar a ferida com água e sabão e continuar tomando o antibiótico. Em seguida, preencheu uma folha com prescrições para um curativo e o entregou a uma enfermeira que, gentilmente, me encaminhou a uma pequena sala para fazer um novo curativo.

Depois de realizar uma boa assepsia no machucado, ela pegou de um tubo de pomada para completar o curativo, mas adivinhe qual era a pomada? - Sim, exatamente, "N"! De imediato, eu questionei o procedimento, dizendo-lhe o que o médico havia me explicado sobre isso...

Em meio à dúvida, a mulher foi procurá-lo, mas ele havia saído, e isso fez com que ela retornasse com um outro médico que, depois de examinar minha perna, aconselhou-a a aplicar, sim, o unguento por mim contestado. Mas, usando de meu bom senso, disse-lhe o que seu colega havia orientado há poucos instantes atrás... e quem ficou na dúvida em relação à dúvida foi este que, meio contrariado, disse à cuidadora que só utilizasse uma gaze e esparadrapo no curativo.

Bem, acabei de retornar do litoral, onde tive a chance de tomar quatro maravilhosos banhos de mar e, acreditem, a ferida está bem melhor, bem melhor mesmo. E resolvi contrariar a tudo e a todos utilizando o bom senso de minha mulher, que me aconselhou a utllizar em meus curativos uma pomada chamada "F" - famosa por seu efeito regenerador e cicatrizante. Está indo tudo bem, e tenho certeza que em breve estarei curado, mas, cá entre nós, com todo o respeito por Hipócrates, o bom senso e a precaução devem se fazer presentes em situações como esta. Estou errado?



"O maior e o mais velho amor, é o amor pela vida". (Plutarco)




Um comentário:

  1. Acompanhei tudo de perto, e, mesmo assim, tive um imenso prazer em ler a epopéia da perna! Mais uma vez, parabéns! Muito gostoso de ler!
    Beijo,
    Carmo

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